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Este microbook é uma resenha crítica da obra: A New Earth
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-7542-671-5
Editora: Editora Sextante
Para Tolle, um dos pontos essenciais do despertar da consciência pode ser descrito como a identificação daquilo que ainda não se alterou em nosso interior. É preciso identificar o nosso ego: o modo como ele age, fala e pensa, bem como o reconhecimento dos processos mentais coletivamente condicionados que perpetuam esse estado de “dormência”.
Esse movimento é crucial por 2 motivos que se interligam. O primeiro é que, sem conhecer os mecanismos básicos de funcionamento do ego, não o detectaremos, de modo que ele nos enganará. Isso, por si só, comprova que ele é um impostor, ou seja, finge ser você.
A segunda razão pode ser encontrada no fato de que o reconhecimento é uma das formas pelas quais ocorre o despertar da consciência. Ao descobrir a inconsciência em você, será justamente o “despertar da consciência” que possibilitará o seu reconhecimento, em uma espécie de looping dialético.
De forma geral, tendemos a encobrir os mistérios com algum “rótulo”. Todas as coisas existentes – uma simples pedra, uma árvore, um pássaro e, inegavelmente, os seres humanos – são incognoscíveis. Para Tolle, todos os seres possuem uma profundidade insondável.
O que somos capazes de pensar, sentir e perceber é, somente, a parte superficial da realidade, inferior à ponta de um iceberg. Quanto mais rápidos ligarmos rótulos mentais ou verbais a coisas, situações ou pessoas, tanto mais superficial e desprovida de vida se torna a nossa realidade.
Desse modo, nos enfraquecemos perante as existências externas, aos milagres que continuamente se desenrolam ao nosso redor e dentro de nós. Adotando tal atitude, embora possamos obter inteligência, perderemos sabedoria, vivacidade, criatividade, amor e alegria.
Essas qualidades permanecem ocultas na silenciosa lacuna entre a interpretação e a percepção. Evidentemente, precisamos utilizar pensamentos e palavras. Ambos são dotados de beleza, porém, não há nada que nos obrigue a sermos aprisionados por eles.
O âmago de todas as atividades mentais reside em certos padrões, emoções e pensamentos persistentes, repetitivos e reativos, a partir dos quais podemos nos identificar com mais intensidade. Segundo o autor, essa entidade é, precisamente, o que chamamos de “ego”.
Ele é composto de emoções e pensamentos, de várias lembranças, de papéis e funções habituais que desempenhamos inconscientemente, envolvendo aspectos como orientação política, classe social, raça, religião e nacionalidade.
Além disso, há identificações pessoais que não se restringem a bens, incluindo conceitos, antigos ressentimentos, aparência e opiniões sobre nós mesmos, quer consideremos nossa superioridade ou não em relação aos outros.
A decisão consciente de não oferecer resistência ao ego de terceiros é uma das formas mais eficientes de superarmos e dissolvermos o ego humano (tanto o próprio quanto o coletivo).
Entretanto, somos capazes dessa abstenção apenas quando adquirimos a capacidade de reconhecer os comportamentos alheios como originários do ego, como expressões dos distúrbios comuns à espécie humana.
Qualquer ego que deseje algo de outro, em geral, representará uma função específica para a satisfação de suas necessidades, desde ganhos materiais até as sensações de superioridade e poder, que gerará sentimentos vinculados à gratificação psicológica e/ou física.
Quaisquer percepções conceituais do “eu” são manifestações do ego, sejam favoráveis ou desfavoráveis. Toda autoimagem dentro de si esconde o receio de não ser boa o suficiente para determinada tarefa.
Igualmente, por trás de todas as autoimagens negativas encontra-se o anseio de ser melhor do que as outras pessoas. Essa interpretação de um papel negativo se acentua quando o ego se concentra em sofrimentos emocionais do passado que desejam se renovar com experiências diferentes.
Certos egos cometem crimes em busca de fama, procurando atenção na notoriedade pública e na condenação das pessoas. Nesse sentido, o papel de vítima é muito comum, como forma de atrair atenção dos outros para os “meus” problemas, mediante a piedade e a solidariedade.
A mente vem, há milhares de anos, intensificando o seu domínio sobre os homens, que deixaram de ser capazes de reconhecer essa “entidade” que toma posse de nós, como uma espécie de “não eu”.
Em decorrência dessa identificação completa com a mente, passou a existir uma falsa ideia (ou percepção) do “eu” – o ego. Sua densidade é determinada, em grande parte, pelo grau em que nossa consciência se identifica com os seus pensamentos.
Portanto, Tolle argumenta que o pensamento é apenas um pequeno aspecto da consciência total de quem somos. Os indivíduos, em sua maior parte, vivem alienados de quem realmente são.
Dito de outra forma, não nos sentimos bem em nenhuma situação, lugar ou companhia, sequer quando estamos sozinhos. Assim, sempre tentamos nos sentir confortáveis, mas isso nunca ocorre.
Grandes escritores do século passado, como James Joyce, T. S. Elliot e Franz Kafka reconheceram que a alienação é um dilema universal. É bastante provável que a tenham experimentado profundamente, sendo capazes de expressá-la espetacularmente em suas obras.
Agora que chegamos à metade da leitura, vamos nos aprofundar em alguns conceitos fundamentais para o surgimento de um novo mundo.
A libertação do corpo começa pela compreensão de que, efetivamente, o temos. Em seguida, passa pela capacidade de nos mantermos presentes, ou seja, atentos o bastante para o perceber o influxo das emoções negativas em atividade.
Ao ser reconhecido, ele não conseguirá mais nos enganar. Os seus pensamentos deixarão de ser embotados pelas emoções, enquanto as percepções de momento não serão distorcidas pelo passado.
Se você compreender que o corpo de dor sempre busca, inconscientemente, mais sofrimento (desejando a manifestação de acontecimentos ruins), entenderá que muitos acidentes no trânsito são provocados por motoristas, cujos corpos de dor estavam em atividade naquele exato momento.
Em uma criança, por exemplo, quando esse corpo de dor se manifesta por ataques, não há muito que os pais e mães possam fazer, além de se manterem em um estado de presença, evitando estímulos adicionais às reações emocionais.
A célebre frase “conheça a ti mesmo”, escrita sobre o pórtico do templo em Delfos, lugar dos sagrados oráculos, era vista pelas pessoas que visitavam o local na esperança de descortinar o futuro ou obter orientações para a vida cotidiana.
Não obstante, a frase é de difícil compreensão. O seu significado implícito é, para Tolle, que antes de quaisquer indagações, faça as perguntas fundamentais da sua vida, até descobrir que você realmente é.
Muitos pensam nos seguintes termos: “sou carente e pequeno, com necessidades não satisfeitas”. Esse erro crasso de percepção cria distúrbios em todos os relacionamentos, pessoais ou profissionais.
Essas pessoas creem que não possuem nada a oferecer e que os outros ou o mundo estão escondendo delas aquilo que mais necessitam. Toda a sua percepção da realidade se fundamenta em sentidos ilusórios acerca de si mesmo. Como consequência, as interações são prejudicadas e as situações sabotadas desde o início.
Após aceitarmos e compreendermos a transitoriedade de todas as coisas que existem, bem como a inevitabilidade das mudanças, conseguiremos usufruir os prazeres, pelo menos, enquanto eles duram.
A diferença qualitativa é que, a partir desse ponto, a fruição estará livre de características negativas, como a ansiedade em relação ao futuro e o medo da perda. O desapego permite o desenvolvimento de uma perspectiva privilegiada para a observação dos acontecimentos, evitando que fiquemos presos a eles.
O autor descreve essa sensação como a experiência de um astronauta que enxerga o nosso planeta cercado pela vastidão do espaço, compreendendo uma verdade paradoxal: a Terra é, a um só tempo, preciosa e insignificante.
Esse distanciamento pode ser produzido pelo reconhecimento de que tudo passa e nada permanece como está. Dessa maneira, nossas vidas ganham mais uma dimensão, qual seja, a do espaço interior.
Desse momento em diante, poderemos estimar e desfrutar os eventos e as coisas sem, no entanto, atribuir-lhes uma relevância que eles, de fato, não possuem. Poderemos tomar parte ativa na dança da criação, sem impormos exigências ou nos apegarmos aos resultados normalmente desejáveis (por exemplo, felicidade e segurança).
De acordo com o autor, o ensinamento mais relevante é o de que a nossa vida contém um propósito exterior e um interior. Este se refere ao “Ser”, podendo ser classificado como “primário”.
O propósito exterior se refere ao “Fazer” e, consequentemente, é “secundário”. É altamente recomendável alinhá-los. O problema é que eles se encontram tão interligados que é muito difícil abordar um sem considerar o outro.
Quanto ao propósito interior, seu maior objetivo é o “despertar”. Compartilhamos isso com todos os indivíduos do planeta, uma vez que encerra o próprio sentido da humanidade.
Dessa forma, o propósito interior das pessoas, tomadas individualmente, é parte integrante do propósito do universo, do todo, de sua emergente inteligência.
No que lhe concerne, o propósito exterior é altamente mutável, sendo movido com o passar do tempo, variando substancialmente em cada pessoa. Encontrar o seu propósito interior e viver em alinhamento com ele constitui a base para a satisfação dos desejos exteriores.
Todos os pensamentos pressupõem alguma perspectiva que, por sua vez (devido à sua própria natureza), é limitada. Eles não podem ser considerados absolutamente verdadeiros.
Se adotarmos um ponto de vista distanciado das limitações próprias ao pensamento e, logo, incompreensível às mentes humanas, perceberemos que tudo está ocorrendo agora.
Isto é, tudo o que sempre existiu, ou existirá, já está presente neste exato momento, fora do tempo. Lembre-se que o tempo não passa de uma construção mental, pois, não existe objetivamente.
A ida de nosso mundo rumo a uma forma determinada e seu retorno ao indeterminado – sua contração e expansão – são movimentos universais que o nosso autor chama, por analogia, de “a saída do lar” e a “retorno à casa”.
Ambos se refletem, por todo o universo, de inúmeras maneiras, tais como podemos comprovar pela incessante contração e expansão do coração ou nos atos contínuos da expiração e inspiração.
A mesma dinâmica é revelada nos ciclos de vigília e sono. Sem sabermos, todas as noites retornamos à “Origem” ao entrarmos nos estágios mais profundos do sono, sem sonhos. Depois, revigorados, ressurgimos a cada manhã.
Cumpre ressaltar, por fim, que o pensamento pode ser entorpecido pelas emoções, sobretudo, quando as nossas percepções são deturpadas pelo passado. Para superar esse estado, é necessário permitir que a energia presa no corpo altere sua frequência vibracional, de modo a convertê-la em presença.
Em outras palavras, o novo mundo surgirá à medida que uma quantidade crescente de indivíduos descobre, pouco a pouco, que o propósito maior na vida consiste em trazer a consciência – e sua luz – para este mundo. Isto é, a alegria dos seres é a felicidade de estar consciente.
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Eckhart Tolle, pseudônimo de Ulrich Leonard Tolle, é um escritor e conferencista alemão, residente atualmente em Vancouver no Canadá, conhecido como autor de best sellers sobre iluminação espiritual. Seu livro mais conhecido é O Poder do Agora.Depois de se formar pela Universidade de Londres, tornou-se pesquisador e supervisor da Universidade de Cambridge. Tolle conta que, aos 29 anos, depois de vários episódios depressivos, passou por uma profunda transformação espiritual, dissolveu sua antiga identidad... (Leia mais)
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